
- Licença.
- Diga.
- Professor, me chamo Aline, sou aluna do
- terceiro de Quimíca Orgânica.
Estranho.
- Isso.
- Diga.
- Professor, achei injusto o que o senhor fez comigo aula passada.
- Tirar sua prova pois tentou me fazer de idiota colocando um resumo embaixo do teste?
- Er, desculpe professor. Deveria ter pensado nisso. Não foi desse jeito que pensei, e bom, deixa pra lá.
Virei para sair da sala, mas ele me chamou.
- Aline.
- Professor?
- Sente - se.
E sem reclamar, eu o fiz. Ele permaneceu calado por alguns minutos, a contemplar meu rosto. No começo fiquei constrangida, logo após com medo, mas depois comecei também eu, a repará - lo. Seus olhos de traços fortes, azuis intensos. Sua boca bem desenhada, com dentes muito brancos. Como era bonito! E eu nunca havia reparado. E porque? Deve ser porque ele era muito, mas muito chato. Totalmente irritante, rude, e grosso.
- Aline. - Disse ele me despertando daquele estado de choque.
- Sim senhor?
- Se continuar a faltar nas minhas aulas, acho que ficará de recuperação na minha matéria.Você sempre passa raspando nas minhas provas, e a matéria está dificultando cada vez mais.
- Tenho dificuldades em Química Orgânica e...
- E comigo.
Calei me.
- Aline, sei que sou rude contigo. Mas sou com todos. O faço para manter a disciplina na classe.
- Não acho isso. - Respondi corajosamente.
- Não acha? - Respondeu ele assustado.
- Não. Não acho, acho que o senhor é rude porque é seu modo de ser.
Ele riu.
- Deixe - me provar ao contrário?
- E como o faria professor?
- Posso leva - la para jantar hoje?
E eu assustada, aceitei. E foi aí que começou. Sempre muito carinhoso comigo. Atencioso. Me enchia de presentes. Era perfeito. Mas existiam as mentiras, e os filhos e o resto. Continuei parada em frente daquela porta, indecisa, mas ao mesmo tempo decidida. Bati.
- Entre.
Ele estava lá. Atrás da sua mesa. Lindo como sempre. E com a camisa verde musgo, que EU havia lhe dado.
- Minha linda! - Sorriu ele.
- Felipe. Preciso falar contigo.
Ele levantou. Foi até mim, e arrancou um beijo quente e desejoso da minha boca.
- Querida, se for cobrar o término do meu relacionamento. Por favor, eu já expliquei...
- MENTIRAS! - Gritei dominada pela raiva.
- Não meu anjo. - Assustou - se ele.
- MENTIRAS. UMA ATRÁS DA OUTRA FELIPE!
- Line, por favor, fale baixo. - Pediu calmamente.
- Felipe, eu te amo, mas não dá mais. Eu, eu não aguento mais. - E lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos.
- Não aguenta o que Aline? Seja direta! - Pediu ele impaciente.
- Essas mentiras. Fale sério Felipe. Nunca planejou casar - se comigo!
- Não, não, eu quero, e, e, nós vamos nos casar e mudar de cidade e...
- Pra mim chega! Você me conta essa mesma ladainha há 2 anos Felipe!
- Por favor Aline, acalme - se. Eu amo você e vamos nos casar e seremos muito felizes. - Disse ele me abraçando e eu comecei a amolecer - me em seus braços. Eu não precisava fazer aquilo. Eu não precisava terminar. E porque terminar? Nos amavamos não? Pertenciamos um ao outro. Ou não. Minha consciência começou a martelar inúmeras coisas. Desvencilhei - me dele, e olhei profundamente em seus olhos.
- Felipe, pretende mesmo casar - se comigo?
Desviando o olhar do meu, ele disse que sim.
- Felipe. - Puxei o rosto dele de modo que seus olhos ficaram fixos no meu. - Pretende mesmo?Silêncio. Foi aí que chorei mais ainda. Estava tudo confirmado. Era realmente falsas promessas. Tudo mentira. Dei as costas a ele. Estava acabado.
- Aline! Entenda meu lado, por favor. Pediu ele. Mas eu nada fiz. - Aline! Tentou novamente.
Minha vida tinha acabado. Eu queria que ele pulasse em frente a porta, e me agarrasse. Começasse a me beijar loucamente, ligasse para sua esposa e terminasse com ela. Como não o fez, eu simplismente esperei que somente me agarrasse. Mas nada. Fechei a porta, e dirigi - me as escadas. A cada degrau deixado para trás era um pedaço de mim que morria. Porém nenhum 'Aline' foi ouvido, nenhum suspiro, nem lágrimas. Talves então ele preferisse a mulher a mim. Ou talvez ele nunca me tivesse amado de verdade ou talvez eu tivesse me iludido demais. Ou talvez. Ou talvez. Ou talvez.
5 opiniões:
Olá!
Eu já me encantei por uma professora. Ela dava aula de matemática. Linda, inteligente, tinha um senso de humor incrível... acho que muitos já tiveram desses amores platônicos por professor. Caso amoroso é meio complicado, né? Ainda mais nessa sua história que tinha família envolvida... chato mesmo!
Obrigado pela sua visita lá no meu mundo!
Beijo.
esses "talvez" é que matam..
Amores secretos podem até encantar,mas têm uma tendência a virar nossa vida de ponta-cabeça e acabar com nossa auto-estima.
Obrigado pela visita ao ReMaMo!
Beijão!
É tão ruim quando somos a outra na vida de um homem. E mais ruim é quando vemos que as promessas nao passam de promessas. Doi, machuca, mas o melhor que se tem a fazer é isso.. virar as costas e ir embora! É estranho pois mesmo eu sabendo disso nao consigo o tal. Nao consigo deixar de pensar nele, de querer ele. No meu caso ele nao é casado, nao tem filhos.. mas tem uma namorada de cinco anos! Quem sabe um dia eu consiga fazer o que você fez, colocar um THE END na historia.
MEuuu Deuuus! Sendo caso verídico ou não, a mocinha não devia nem ter começado né! Nada pior do que se envolver com quem já tem uma pessoa, a pior coisa é ser a outra! Já fui muitas vezes mas fui por ser sem noção msmo, NUNCA CASADOS mas no maximo noivos.. saiamos e depois terminavamos.. era tudo muito simples NUNCA ME APAIXONEI por um desses...
esse talvez mata os pensamentos..
maaaaaaas pense positivo...
POSITIVIDADE PRA VOCE! =]
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